Barrocal Road Tour

UMA VOLTA PELAS ESTRADAS MAIS TRANQUILAS DO CORAÇÃO ALGARVIO

O Algarve tem duas fases bem distintas. O Verão e o resto do ano. O primeiro é a pura loucura. Um calor d'um raio, estradas cheias de trânsito, praias cheias de pessoas, restaurantes cheios... Enfim... não existe um espacinho em que não haja um mar de gente barulhenta, nervosa e stressada... nem parece que vêm de férias. De repente, acaba-se o Verão e a enchente desaparece... e todo o Algarve fica bem mais tranquilo, mais calmo, mais zen.

É nesta altura do ano que sabe mesmo bem pedalar no Algarve. Bem... a famosa 125 terá sempre muito tráfego. Mas, existem muitas mais. Felizmente, são bem estreitas e sinuosas. Assim, não servem como alternativa às estradas principais, nem favorecem ritmos loucos dos "petrolheads". Aliás, essas mesmas estradinhas estão muitas vezes encaixadas em cenários paisagísticos bem bonitos.

Quando se fala de belas paisagens algarvias muitos pensam logo na costa, nas praias... Essas já sabemos são fantásticas! Das mais lindas deste planeta. Mas, no Algarve temos mais e sem entrar muito no interior. Basta pedalar pelo Barrocal adentro e de certeza que serão surpreendidos.

Esta volta tem mesmo esse objectivo, que é de levar-vos aos pontos mais panorâmicos, às estradinhas mais encantadoras, que existem neste Barrocal, bem no coração do Algarve.

Estes quase 100km começam na Fonte de Boliqueime, que em tempos já foi poço e hoje em dia não passa de uma confusão de rotundas. "E a fonte?" perguntam vocês. Pois... a fonte transformou-se numa tampa de metal, que é espezinhada diariamente por centenas de carros e afins... Mas, a ideia é partir daqui e não ficar... certo?

Partindo da Fonte de Boliqueime, o percurso segue em direcção ao Ribeiro, onde por vezes temos que parar para que um enorme rebanho de ovelhas atravesse a estrada. O primeiro troço especial começa no Aroal e vai quase até à Tenoca. Ah! Pois é!!! Não falei nestes bocadinhos de estrada bem especiais. Ficam desde já a saber que este percurso tem vários sectores com umas estradas fabulosas, sejam pela paisagem, pela condução ou pela atmosfera que nos envolve. São de facto encantadoras! Esta, a tal primeira, é bem estreita, com bom piso e cheia de curvas que serpenteiam pelos cerros da Alcaria a fora. Sem dar-mos por ela vamos subindo e em certas zonas é possível ver o mar ou os cerros do Barrocal.

O segundo sector é mais curto e tem um piso um pouco menos macio. Mas também está cheio de curvas, que passa bem no meio de pequenas aldeias de casinhas brancas, numa suave descida até à Fonte de Paderne.

O terceiro sector surge logo a seguir a Tunes, a vila ferroviária do Algarve. Se por acaso a fome já quiser aparecer, então aproveitem e passem pela estação. Além de ser um espaço bem bonito, existe no edifício um simpático café onde é possível comer alguma coisinha. Para saírem de Tunes sigam em direcção ao cemitério. Esta estradita inicialmente segue paralela à linha do comboio. Um pouco mais à frente o piso de asfalto transforma-se "sterrato" por uns poucos metros. Mais à frente, o asfalto regressa, bem estreito entre muros de pedra e alfarrobeiras, num leve sobe e desce.

O quarto sector surge após a passagem por Messines de Baixo. Contudo, quero realçar que até aí a estrada é uma delícia. O que este sector tem de diferente é a paisagem. Este segue quase sempre a meia encosta, sempre com uma ampla vista panorâmica para Sul. Destaco ainda a passagem pela pequena aldeia da Torre, onde podem visitar uma antiga escola primária transformada em oficina de brinquedos de madeira. Vale a pena. O final deste sector acaba dentro da linda aldeia de Alte, onde vale sempre a pena uma paragem, seja para comer e/ou beber no Germano Bici Arte Café. A partir de Alte, toma-se a direcção da Júlia, passando pela Boavista, donde temos uma fantástica vista sobre a aldeia. Logo a seguir à Júlia surgem mais uns metros de terra, num estreito caminho envolto por sobreiros, que criam um ambiente fantástico.

O quinto sector é o mais bonito e encantador e surge já depois da passagem pelo Espargal, Alto Fica e Tôr. Na estrada M524, que liga a Tôr a Querença, sigam em direcção da Fonte da Esparrela. No início, este sector rola por um asfalto, bem lisinho, que desce suavemente até à dita fonte. A partir daqui o piso passa a ser de cimento e bem mais estreito, bem envolto em vegetação, seguindo quase sempre ao lado da ribeira de Algibre. Pedalar por este sector é como entrar numa outra dimensão, envolto numa atmosfera muito especial e encantadora.

Pouco mais à frente surge a cidade de Loulé, onde podem mais uma vez encontrar locais bem simpáticos para comer e beber alguma coisa mais, para pedalarem os restantes quilómetros até ao final.

Ficha Técnica: