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2ª etapa - On the Road...

Pela Andaluzia a fora

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     Este segundo dia começou bem cedo. Ainda era de noite quando saímos da Casa da Tia Amália. Como nos tinham dito, na noite anterior, que havia um café na vila, que abria logo às 6 horas da manhã. Aproveitamos esse facto para tomar o pequeno-almoço bem cedo e assim evitar as horas de maior calor. No meio de uma densa escuridão, lá nos metemos a caminho. A estas horas o silêncio e a tranquilidade são impressionantes. De volta à vila, lá estava o tal café aberto. Já tinha um bom nº de clientes e no ar sentia-se os aromas a pão fresco e a café.

     Após um farto pequeno-almoço, que nos carregou de energia, voltamos à estrada. Esta 2ª etapa prometia muitas descobertas. Além de estradas desconhecidas para nós os dois, por onde nunca tínhamos alguma vez passado. Havia também o facto de entrar-mos em Espanha, o que dava um certo cunho internacional à nossa aventura. Voltamos a atravessar o rio Guadiana, agora em direcção ao Pomarão. Após a passagem pela ponte, a EN 265 começa a subir e a.... subir.... sempre a subir! Como as pernas ainda estavam meio adormecidas e frias, doeu um bocadinho, limitando o ritmo nestes primeiros quilómetros. A agonia da dor acabou com a viragem para a direita, numa estradinha que nos levou a visitar as aldeias de Monte Alto, Fernandes, Tamejoso, Alves, Picoitos, Salgueiros e por fim o Pomarão. As paisagens sempre bonitas, eram enriquecidas pela luz dourada do Sol a nascer, criava-se assim uma atmosfera fantástica e encantadora.  Num determinado momento paramos. À nossa esquerda estava um grande rebanho de ovelhas, em que cada uma emanava uma música quase hipnótica, com os seus guisos, ouvindo-se por aqueles campos a fora... 

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     A chegada ao Pomarão é linda. A vista sobre a pequena aldeia encaixada numa curva do rio Guadiana parece quase um postal. O Pomarão é um daqueles lugares especiais, que apetece ficar por ali... simplesmente a contemplar a beleza do lugar... ou procurar um pouco de tranquilidade... encontrar aquele anti-stress dos tempos loucos de hoje em dia. E depois, tem aquela ponte... uma simples ponte que nos leva para outro país, para outra língua, ou outra cultura. Uma delícia.

     Depois de passada a ponte internacional do Pomarão, a estrada volta a subir... nada de muito inclinado. Isso é verdade. Mas, é daquelas que duram durante quase 10 km... A paisagem é parecida à do lado do Pomarão, constituída por pequenos montes com pouco vegetação alta. A maioria dos terrenos parece que é explorada como zonas de caça. O curioso é o constante som da água a correr. Sim! Isso mesmo! Ouve-se quase sempre água a correr por pequenos regatos pelos montes abaixo. Mais tarde, descobrimos a razão disso, quando cruzamos com um enorme canal, que mais parecia um rio, bem cheio e com uma corrente bem forte. Ou seja... toda esta zona tem imensa água que vem de duas grandes barragens, que existem ali bem perto.

     El Granado foi a primeira grande vila que encontramos por terras espanholas. Ainda não estávamos completamente adaptados à hora espanhola. Pois... quando entramos pensávamos que ainda seria muito cedo e que não haveria ainda grande movimento. As ruas desta vila tem um encanto particular. As ruas são estreitas e serpenteiam pelo meio de casas bem brancas, criando uma certa sensação de labirinto... Sem saber por onde ir, arriscamos e seguimos por uma rua... esta começa a ficar cada vez mais estreita... por fim parecia mais um estreito corredor entre casas que finalizava num arco. Passado este, desembocamos no largo da igreja de Santa Catalina. Deu para perceber que era o centro de El Granado, pois estava cheio de gente bem simpática. Mesmo ao lado da igreja estava o Cafe Bar Plaza com um ar bem acolhedor. Ao passar na porta não pude deixar de reparar os vários autocolantes do Tripadvisor e do Booking, neste último destacava-se o nível 9. E de facto, fomos recebidos e servidos de forma impecável. Muito bom mesmo.

     Na hora de partir de El Granado ficamos num curto impasse... A ideia inicial era pedalar pela estrada HU-4402, que nos levaria até Sanlúcar del Guadiana. Mas, ainda há pouco tempo tínhamos estado aí numa aventura anterior... E o que nós queríamos mesmo era descobrir terras novas. Assim, decidimos partir em direcção de Villanueva de los Castillejos. No fundo, seguimos a mesma HU-4402, mas noutro sentido, entrando na paisagem andaluza mais pura. As rectas passaram a ser longas, o nº de curvas diminuiu, bem como as subidas. Contudo, aquela tranquilidade nas estradas, em que já estávamos habituados desapareceu... Principalmente, depois de Villanueva de los Castillejos e quando entramos na A-499, em direcção a San Silvestre de Guzmán. Não diria que o tráfego fosse intenso, mas já era bem mais e circulavam com muita velocidade. Mesmo assim, é de salientar o comportamento dos automobilistas espanhóis, que nos ultrapassavam sempre pela faixa mais à esquerda, dando sempre uma grande distância de segurança. Curiosamente, os poucos automóveis que nos ultrapassaram com tangentes arrepiantes tinham matrícula portuguesa... Paciência, não é verdade.

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     A caminho de San Silvestre de Guzmán, surgiu a dada altura, pela nossa esquerda, um enorme pomar de laranjeiras. A extensão é mesmo de perder a vista. Nas nossas conversas salientava uma questão... Qual seria a forma que tinham para apanhar as laranjas? Seria com pessoas ou seria com um processo mecânico? Este "mar de cor verde garrafa" acompanhou-nos por mais de 5 km pela estrada a fora... Um pouco mais à frente, entramos na vila de San Silvestre de Guzmán à procura de um café para "morfar" uma "buchazinha" antes que a fome fizesse estragos...

     Esta zona... ou melhor esta A-499 é quase uma recta contínua, que tem por vezes umas curvinhas só para desenjoar... Depois de San Silvestre de Guzmán rapidamente chegamos a Villablanca. Além de ser uma região quase plana, que proporciona o rolar mais rápido, a paisagem torna-se a partir de certo momento um pouco monótona. Eu até diria chata... tendo em conta que a minha atenção... o meu foco... não encontrava algo que me fizesse parar... ou simplesmente contemplar... Por outro lado, foi num ápice que chegamos às portas de Ayamonte. Aliás, ainda bem antes de se ver a cidade já sentíamos aquele entusiasmo de estar a chegar ao final. É um misto de felicidade e de tristeza... Se por um lado, é bom sentir o sucesso da aventura... também é verdade que significa o fim desta forma de estar... em modo de viagem...

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2º dia - De Mértola a Casa, passando por Espanha

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     Em Ayamonte, fomos logo à bilheteira, do Transporte Fluvial del Guadiana, para adquirir e garantir a passagem pelo rio até Portugal. Agora sim, com os bilhetes na mão, lá fomos beber uma caña bem fresquinha e brindar a esta aventura. Pois... mas como boa aventura não termina logo e alguns contratempos ainda vieram apimentar a cena... A travessia do rio Guadiana é sempre algo especial... de repente estávamos ali parados, mas em movimento, com tempo para ver... para pensar... para contemplar... ou estar ali simplesmente. No final da viagem do barco lá voltávamos outra vez a Portugal... essa sensação é sempre muito boa. A primeira coisa que quisemos fazer foi garantir o bilhete no comboio que nos deveria trazer até casa... E ainda bem que o fizemos. Pois, isto de andar de comboio no Algarve já é uma aventura durante a semana. Mas, ao fim de semana ainda se torna mais surpreendente e louco. Se por um lado era positivo por existia comboio... também foi uma certa chatice quando descobrimos que esse comboio só ia até Faro. Para continuar viagem teríamos que esperar umas 2 horas em Faro!!!! Felizmente tínhamos as bicicletas! Assim, depois de chegarmos à estação pegamos nas nossas "burras" e voltamos ao pedalanço... desta vez já com aquela ideia de chegar a casa... para finalizar e descansar....

Ficha Técnica:

2º dia - De Mértola a Casa, passando por Espanha

Início do percurso:  N 37°38'09.4" - W 7°39'43.3"

Distância: 95,1km

Subida acumulada: +898m

Ponto mais alto: 216m

Ponto mais baixo: 8m

Observações: 

O track inclui a travessia no ferry de Ayamonte para Vila Real de Sº António

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Ficha Técnica:

2º dia - Estação de Comboios, em Faro a Casa

Início do percurso:  N  37° 1'6.51" - W 7°56'23.48"

Distância: 26,3km

Subida acumulada: +195m

Ponto mais alto: 69m

Ponto mais baixo: 5m

Observações: 

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