9ª etapa - Uma viagem, três caminhos

9ª etapa - Uma Viagem, Três Caminhos

(Santiago ao Porto) Porto a Aveiro

Este dia começou logo pelas quatro da manhã. Deveriam ser umas cinco quando cheguei à estação de Santiago. A noite ainda reinava. O comboio regional chegou sem atrasos. Que máquina! Mais parecia um dos nossos Alfas. Até tinha um ecrã a informar a velocidade. Por várias vezes atingiu 160! Isto num silêncio e conforto fabulosos.
De um comboio para o outro tinha uma hora para gerir. Fiquei no café da estação e desfrutei de um belo pequeno-almoço. Quando fui à procura do comboio para o Porto, o famoso Celta, fiquei completamente desiludido. Uma traineira a diesel, barulhenta e com um conforto do século passado. E agora percebo perfeitamente o “problema” com o transporte das bicicletas nesta linha. É que este comboio tem mesmo pouco espaço. Os corredores são estreitos e a área das entradas é mesmo pequena.
Foi mesmo na entrada da grande estação da Campanhã, no Porto, que eu desembrulhei a bicicleta e voltei a montar tudo de novo no sítio certo. Felizmente, não sobraram peças. E com o relógio quase nas onze voltei a pedalar. Mas, havia algo do tipo jet-lag no meu corpo. É que ainda ontem tinha pedalado até Finisterra, depois dormido em Santiago e agora estava no Porto, com poucas horas de sono. Apesar de lento, lá me atrevi pelas ruas da Invicta.

Voltei a passar sobre a ponte D. Luís e de novo fiquei deslumbrado. Mas, fiquei mesmo fascinado com Vila Nova de Gaia. Aquela rua, mesmo ao lado do rio, cheia de apetecíveis esplanadas e aquela vista para a outra margem. Lindo!
Já perto da foz do Douro entrei numa ciclovia à beira mar que nunca mais acabou. Foram quilómetros e mais quilómetros de passadeira vermelha escura. Contudo, comecei a ficar farto. É sempre plano e quase sempre a direito. Já começava a ter saudades dos trilhos do Caminho.
A capela do Senhor da Pedra fica mesmo quase dentro do mar. Impressionante! Um pouco mais à frente cruzo-me com um outro viajante de bicicleta. Como íamos na mesma direção partilhamos uns bons quilómetros, numa agradável conversa. O Tiago Santos já andava há 3 meses em viagem por Portugal e tinha imensas histórias de vivências e experiências.
A partir da praia do Furadouro aconteceu algo mesmo estranho. A rota que eu tinha no GPS devia ter-me levado na direção de S. Jacinto. Para depois atravessar de ferry para os lados do Ílhavo. Mas, isso não aconteceu. Quando cheguei a uma cidade e perguntei onde estava até fiquei atrapalhado… Como era possível? É que estava em Aveiro! Lá encontrei a Pousada da Juventude e tive um quarto só para mim. E o jantar? Foi no McDonalds!