8ª etapa - Uma viagem, três caminhos

8ª etapa - Uma Viagem, Três Caminhos

Muxia a Finisterra (e regresso a Santiago de Compostela)

O meu oitavo dia acordou bem cinzento, com um extenso manto de nuvens. Afinal, este aspeto salientou ainda mais o dramatismo desta costa, que está cheia de histórias de naufrágios e mortes. A fé e o culto dão a força e a esperança a quem vive por estes lados. É isso mesmo que diz este templo com origens celtas e pagãs, a Igreja da Virgem da Barca.
Em 2002 ocorreu um dos mais mediáticos naufrágios, que teve consequências catastróficas para esta costa. O naufrágio do petroleiro Prestige e o respetivo derrame de crude ainda hoje é visível nas rochas. Esta estátua relembra esse momento trágico com um nome forte, a Ferida.
O Caminho em direção a Finisterra, depois de deixar a costa, começa a subir. Primeiro por uma estrada, depois entra na terra e mais uma vez os bosques. Grande parte da subida foi no meio da neblina, num cenário um tanto ou quanto fantasmagórico.

O farol de Finisterra tem mesmo algo de especial, mesmo até de mágico. Na verdade, é que aqui sentimos o fim do Caminho. Mais que não seja pelo fator físico e geográfico. Apesar de ser uma local bem cheio de visitantes, curiosos e turistas, existe espaço para ficar ali sozinho, a meditar.
Apesar de não ser um ritual comum, quis voltar a sentir estas águas. No fundo, para reviver algo que fiz com um bom grupo de amigos, em 2007.
Inicialmente tinha planeado voltar a Santiago a pedalar. Mas, pareceu-me bem mais apelativa uns pratos de tapas e uma caña. Ainda por mais, o autocarro parava mesmo ali ao lado.
Graças ao autocarro (que trouxe a bicicleta de borla!) cheguei ainda durante o dia a Santiago. Assim, tratei de toda a parte logística para poder viajar de comboio até ao Porto. Foi necessário desmontar e embrulhar a bicicleta e dois bilhetes.